Anaconda (2025)

O novo Anaconda, dirigido por Tom Gormican, se torna um dos filmes mais esperados da reta final do ano aqui no Brasil, especialmente pela presença de Selton Mello no elenco.

No filme, um grupo de amigos que enfrenta a crise da meia-idade se prepara para refazer seu filme juvenil favorito, mas quando entram na selva, as coisas ficam feias.

Confira a crítica em vídeo:

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ENTREVISTA: Leo Tabosa, diretor de Gravidade

49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
33º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade

Em Gravidade (2025), primeiro longa-metragem do diretor Leo Tabosa, às vésperas do fim do mundo, Sydia (Clarisse Abujamra) e sua filha Nina (Hermila Guedes) se veem presas em uma noite interminável dentro da antiga mansão da família. Enquanto o isolamento acirra os conflitos entre mãe e filha, a chegada inesperada da misteriosa Lara (Danny Barbosa) desperta tensões.

Em conversa com o diretor, ele fala sobre a temática em comum de seus filmes, as diferenças na hora de fazer um curta e um longa-metragem, sua relação com o cinema de gênero e como foi o trabalho de fotografia e elenco em Gravidade.

Veja a entrevista completa em vídeo:

Jovens Mães (2025)

49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes

A vida de jovens mães não é um tema incomum em filmes, séries e até mesmo reality shows – literalmente existiu um grande hit na MTV (RIP) chamado Teen Mom, lembra? Agora é a vez do cinema realista e social de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne abraçar o tema com sensibilidade e cuidado.

Em Jovens Mães (Jeunes Mères), selecionado da Bélgica para uma possível indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026, os irmãos cineastas mostram a realidade dessas mulheres diante das escolhas possíveis dentro da situação que enfrentam.

As personagens, aliás, também mostram a diversidade dentro dessa realidade. Apesar de conectadas por estarem recebendo apoio do mesmo abrigo e políticas públicas voltadas para jovens mães de baixa renda, cada uma delas possui uma história muito específica. Uma delas, grávida, vai atrás de sua mãe biológica, que nunca conheceu. Outra, com um bebê recém-nascido, é abandonada pelo também jovem parceiro que acabou de sair de um centro de detenção para menores. E uma delas, além de todo o protocolo para poder deixar seu bebê com pais adotivos, ainda precisa lidar com uma mãe controladora que agora quer fazer “dar certo” com o bebê que a filha não quer criar.

Aqui o cinema não quer exatamente ser inovador, especialmente se o filme é comparado com o restante da filmografia dos Dardenne. A ideia é abordar o tema de forma sensível, mostrando que elas precisam ter sua força e escolhas respeitadas, quaisquer que sejam essas escolhas. É como se a maternidade virasse o único mundo dessas mulheres. Para se aprofundar na realidade, acompanhamos seus dilemas dentro de toda a burocracia e protocolos que enfrentam para seguir com suas vidas.

Temas como ansiedade e a restrição ao trabalho tornam essas vidas ainda mais difíceis, mas nada é sensacionalista ou gratuito. Em um momento marcante, uma delas precisa entregar o bebê para o primeiro contato com os pais adotivos e pede, emocionada, que eles prometam que vão ensinar música para a criança quando ela crescer.

Na tentativa de equilibrar a história de suas personagens com comentários sobre como o sistema funciona para essas jovens mães na Bélgica, o roteiro cai por vezes em um didatismo e na impressão de que já vimos tudo aquilo antes. Mas gosto especialmente da forma como essas personagens são apresentadas aqui. Em uma cena, não vemos de primeira que uma das mães faz suas tarefas do dia enquanto seu bebê repousa sobre a cama, em outra demoramos mesmo até a ver a barriga de uma das personagens grávidas. Essas mulheres são reveladas aos poucos, tanto pela forma como são filmadas quanto pelas suas histórias, personalidades e desejos, que se revelam gradualmente, com a câmera acompanhando sempre a personagem que é a protagonista de cada cena, mergulhando o espectador cada vez mais em seus cotidianos.

Mesmo sem grandes inovações, é bonito ver a delicadeza e o cuidado dos Dardenne em um tema tão complexo que, em outras mãos, poderia simplesmente cair em uma fácil romantização. Jovens Mães estreia em janeiro de 2026 nos cinemas brasileiros.

A Multidão (2025)

49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Exibido no Festival de Roterdã

Em um país com conservadorismo latente, um grupo de jovens progressistas tenta realizar uma festa de despedida para um amigo próximo. A premissa é universal e poderia se passar em diversos lugares do mundo contemporâneo, inclusive no Brasil, mas em A Multidão (Jama’at / The Crowd) acompanhamos a história desse grupo no Irã.

Usando o dia da festa como cenário, Sahand Kabiri, diretor e roteirista do longa, apresenta especialmente no diálogo diversas questões pelas quais seus personagens estão passando. Tudo é reflexo da sociedade em que vivem, e os conflitos mais detalhados são os que mais se relacionam com o âmbito familiar de alguns desses jovens.

Em muitos momentos, o longa lembra uma peça de teatro e faz isso muito bem, aproveitando o que o cinema pode oferecer em artifícios como plano-sequência, por exemplo. Uma cena longa coloca os jovens conversando enquanto arrumam o grande galpão em que a festa está para acontecer. O galpão é palco de grande parte do filme e da externalização dos sentimentos desses personagens, que parecem se conhecer tanto. Eles lamentam a perda recente de um amigo e fazem comentários ácidos enquanto repassam a longa lista de convidados para o evento organizado.

Dois fatores curiosos se relacionam diretamente com os espectadores brasileiros que assistirem ao filme. Em um dos momentos, o grupo de amigos conversa sobre o risco de intoxicação por metanol presente em bebidas alcoólicas. Em outro ponto, mais específico ainda, eles discutem detalhadamente o histórico momento do 7 a 1 no jogo do Brasil contra a Alemanha realizado na Copa do Mundo de 2014.

Pensando bem (e como mencionei no começo do texto), essas relações do Irã com o Brasil vão muito além dessas suas cenas. Na iminência da separação (seja pela perda, por uma viagem ou por um divórcio), esses jovens reúnem ainda mais força para existir do jeito que são num mundo em que o conservadorismo tem cada vez menos vergonha de falar em voz alta.

Obs. e talvez um pequeno spoiler: adoro cenas de festas bem filmadas e o final de A Multidão entrega o começo de uma ótima, queria mais!

Rosemead (2025)

49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Vencedor do prêmio do público no Festival de Locarno. Também foi exibido no Festival de Tribeca.

Desgraça pouca é bobagem. E entrar na sessão de Rosemead sem saber exatamente do que o filme se trata pode piorar ainda mais a sensação que essa expressão popular retrata. O letreiro de “inspirado em fatos reais” e a cena de abertura com um pai, uma mãe e um filho – uma família sino-americana – dançando felizes enquanto cantam no karaokê em um quarto de hotel dão um tom misterioso para o que está por vir. O tom, aliás, ou a dificuldade de encontrar um, é um dos grandes problemas do longa estrelado por Lucy Liu.

Em poucos minutos, descobrimos que Irene, a protagonista, está com um câncer em estágio terminal, tem poucos meses de vida. Ela esconde a doença do filho, que sofre de esquizofrenia e desenvolve um fascínio por notícias de atiradores em escolas dos Estados Unidos. Os dois ainda vivem o luto pela recente perda do marido/pai. Eu nem acho um absurdo que todas essas tragédias aconteçam em tão pouco tempo com a família, mas a falta de tato do roteiro e da direção dá adeus a qualquer sutileza e cuidado que o filme poderia ter ao tratar de tais temas.

O diretor Eric Lane começa seu longa como um drama denso, mas pesa ainda mais a mão nos momentos mais tensos. O tom vai de um melodrama para um thriller familiar rapidamente e depois volta. Essa bagunça faz com que momentos com bom potencial sejam desperdiçados, como o treinamento escolar para o caso de um atirador entrar no colégio.

É interessante ver Lucy Liu desmontada como essa mãe taiwanesa, mas isso não quer dizer que ela esteja bem. A atuação exagerada é ofuscada por todos os outros pontos negativos do filme. Que sorte a dela.

O retrato de descendentes de asiáticos nos Estados Unidos se torna o ponto mais interessante do longa, ainda que pouco aproveitado. A diferença entre o tratamento dos adultos entre si e o dos colegas de escola do filho de Irene mostra a complexidade dessas pessoas isoladas por preconceitos, mas que também possuem conflitos entre si, ou pontos de apoio, no caso dos mais jovens.

A “demora” da protagonista para agir diante das descobertas pode causar desconforto. Acho muito humana a vontade de querer dar conta de tudo por conta própria. Uma visão talvez preconceituosa pode relacionar esse fator à questão cultural asiática, frequentemente apontada como mais reservada. Mesmo assim, o roteiro também não é eficaz em nos deixar ao lado dessa mulher que tenta, a todo custo, resolver sozinha todos os dilemas de sua vida.

A questão psiquiátrica do personagem do filho, Joe, também é abordada de forma rasa, sendo resumida em boa parte aos remédios que ele toma e às suas mudanças quase imediatas de comportamento assim que interrompe o tratamento. Isso se soma com a atuação exagerada de Lawrence Shou, que cai em estereótipos de personagens do tipo. Juro que existe uma cena de Joe sujo, revirando lixo e completamente fora de si.

Com um roteiro que seria completamente ressignificado nas mãos de um diretor como John Waters (eu adoraria ver esse filme!), Rosemead cai no mau gosto e na caricatura, mesmo se baseando em uma história real tão forte e com um desfecho tão impactante. Uma pena.

O Telefone Preto 2 (2025)

Aguardada sequência O Telefone Preto 2 aposta no sobrenatural para se estabelecer como franquia, mas cai em conservadorismo e sustos fáceis para manter o terror.

No segundo filme, enquanto Finn, de 17 anos, lida com a vida após seu cativeiro, sua irmã recebe ligações em seus sonhos do telefone preto e tem visões perturbadoras de três meninos perseguidos no acampamento de Alpine Lake.

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A Grande Viagem da Sua Vida (2025)

O queridinho diretor Kogonada chega aos cinemas com seu novo filme estrelado por uma dupla de peso: Colin Farrell e Margot Robbie. A Grande Viagem de Sua Vida (A Big Bold Beautiful Journey), porém, entrega bem menos do que promete e me fez querer contar os minutos para o fim da sessão.

O longa se apresenta como um conto imaginativo de dois estranhos e a inacreditável jornada que os conecta, seja lá o que isso quer dizer…

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Ladrões (2025)

Após a sessão da cabine de imprensa de Ladrões (Caught Stealing), novo filme de Darren Aronofsky, perguntei genuinamente para os colegas da crítica qual havia sido o filme anterior do diretor. Eu tinha apagado o Oscar winner A  Baleia (The Whale, 2022) da cabeça, apesar do diretor ser também o responsável por dois filmes pelos quais tenho muito carinho: Cisne Negro (Black Swan, 2010) e Mãe! (Mother!, 2017). Gosto até da direção do moralista Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000), mas fato é que Ladrões se distancia bastante desses quatro filmes citados, deixando a marca autoral do diretor um pouco de lado, como acontece em Noé (Noah, 2014), por exemplo.

O longa é carregado de uma atmosfera presente em filmes de sábado à noite do saudoso Supercine. E digo isso como um verdadeiro elogio. A ambientação nos anos 90, que passa por festas exageradas, crianças brincando na rua, secretária eletrônica, os primeiros celulares e trilha sonora com músicas de Madonna e Meredith Brooks, faz com que não só essa recriação chame atenção, mas também o fato de que o filme poderia, facilmente, ter sido feito nos anos 90.

O roteiro assinado por Charlie Huston, que também é autor da série de livros que inspirou o longa, nos apresenta o carismático e ex-promessa do beisebol Hank Thompson (Austin Butler), o protagonista de coração bom que, ao precisar cuidar do gato de estimação do amigo e vizinho que viajou, se envolve quase que por acidente em uma perseguição criminosa no submundo de Nova Iorque. A trama de comédia de erros diverte, mas não garante que a história já não comece a cair no esquecimento poucos dias depois do filme ser assistido.

Há certa inocência (até que bonita) na tentativa acertada de fazer o público se interessar tanto pelo protagonista vivido por Austin Butler. Ele tem uma ótima relação com a namorada Yvonne (Zoë Kravitz), trata bem o felino do vizinho que o deixou na enrascada que acompanhamos no filme e telefona recorrentemente para a mãe, para quem manda dinheiro sempre que dá e com quem tem conversas animadas sobre o campeonato de beisebol.

A quantidade excessiva de referências ao esporte tipicamente americano, aliás, pode distanciar o público de um vínculo mais forte com o filme. O próprio título original do longa faz referência a uma jogada de beisebol que se perde totalmente no nome brasileiro, que nem faz tanto sentido, uma vez que os crimes nos quais os personagens se envolvem não estão diretamente relacionados com roubo.

Apesar da trama pouco elaborada e esquecível, Ladrões ganha pontos em cenas de ação bem dirigidas e bem filmadas, com destaque para uma ótima batida de carro. E além de Butler e Kravitz, que apresentam uma excelente química e atuações respeitáveis, o restante do elenco, com nomes como Regina King, Matt Smith e o cantor Bad Bunny, dá uma dose de carisma tão alta para a produção que quase fazem com que os problemas do filme sejam esquecidos. Tá, isso é mentira, mas todo mundo tá muito bem.

Com um encerramento que abrange uma representação extremamente caricata de Tulum e a participação especial inesperada de uma atriz muito querida por gays, Aronofsky faz com que Ladrões, apesar de seus momentos divertidos, se pareça com um filme feito por encomenda e editado por ordens de estúdio. Uma condição para que ele possa fazer mais um filme polêmico e problemático depois? Sei lá. Mas essa leveza e nostalgia podem ser um respiro interessante na carreira do diretor.

Ah, e usem cinto de segurança, por favor.

Invocação do Mal 4: O Último Ritual (2025)

A promessa de que esse é o último filme da franquia Invocação do Mal não me convence. O longa aposta alto no que marcou a identidade da franquia com uma megaprodução cara e um roteiro conservador.

Em Invocação do Mal 4: O Último Ritual (The Conjuring: Last Rites), quando o casal de investigadores paranormais, Ed e Lorraine Warren se encontram presos a mais um medonho caso envolvendo criaturas misteriosas, eles se vêem na obrigação de resolverem tudo pela última vez.

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Atena (2023)

Impossível não associar a protagonista de Atena, vivida por Mel Lisboa no longa que acabou de chegar aos cinemas nacionais, à Lisbeth Salander, da série de filmes inspirada na saga literária de Stieg Larsson. No longa brasileiro dirigido por Caco Souza e escrito por Enrico Peccin, a personagem principal faz justiça com as próprias mãos, motivada por violências que sofreu no passado. Parece um exemplo básico da cartilha de como não construir personagens femininas, mas o filme não para por aí.

Escrito e dirigido por homens, o longa erra na abordagem da violência contra mulheres. Duas cenas envolvendo esse tipo de agressão são apresentadas de maneira brutal já nos primeiros 30 minutos. Logo após uma delas, vemos a protagonista em um momento reflexivo no banheiro, vestindo uma regata branca e calcinha, em um enquadramento que destoa do tom de denúncia.

Atena funciona como uma grande campanha informativa sobre violência contra a mulher. O que, em certa medida, é positivo, já que parece ser essa a intenção. Mas, em muitas outras, o filme soa apenas como um apanhado das falas mais conhecidas sobre o tema. Uma personagem relata ter acreditado que o namorado mudaria após um pedido de desculpas por uma agressão; logo depois, outro diálogo entra em uma nova pauta importante, abordando uma longa história de pedofilia. A falta de sutileza no tratamento desses temas enfraquece um roteiro que parece querer, de algum modo, dar conta da complexidade dessas experiências.

Mel Lisboa se entrega bem ao papel e alguns momentos do roteiro funcionam bem, como quando tenta marcar as violências cotidianas vividas por mulheres. Em uma cena, a protagonista finge interesse por uma academia e é assediada de alguma forma desde sua chegada até a saída. Em meio a tantos outros problemas, fico me perguntando se esse momento realmente causou intencionalmente esse incômodo.

Ao atrelar a violência grave apenas aos personagens mais abertamente perversos, o filme comete seu erro mais grave: anula o potencial de violência de outros homens, como se esse tipo de maldade estivesse distante do cotidiano, e não fosse parte de algo que atinge mulheres todos os dias.