O novo Anaconda, dirigido por Tom Gormican, se torna um dos filmes mais esperados da reta final do ano aqui no Brasil, especialmente pela presença de Selton Mello no elenco.
No filme, um grupo de amigos que enfrenta a crise da meia-idade se prepara para refazer seu filme juvenil favorito, mas quando entram na selva, as coisas ficam feias.
Confira a crítica em vídeo:
Ansioso para assistir a esse filme? Conta pra mim suas expectativas e o que está esperando do novo longa. Deixa seu like, comentário e ative as notificações para não perder nenhum vídeo!
49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 33º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade
Em Gravidade(2025), primeiro longa-metragem do diretor Leo Tabosa, às vésperas do fim do mundo, Sydia (Clarisse Abujamra) e sua filha Nina (Hermila Guedes) se veem presas em uma noite interminável dentro da antiga mansão da família. Enquanto o isolamento acirra os conflitos entre mãe e filha, a chegada inesperada da misteriosa Lara (Danny Barbosa) desperta tensões.
Em conversa com o diretor, ele fala sobre a temática em comum de seus filmes, as diferenças na hora de fazer um curta e um longa-metragem, sua relação com o cinema de gênero e como foi o trabalho de fotografia e elenco em Gravidade.
Peter Debruge trabalha na Variety desde 2005 e hoje atua crítico-chefe de cinema do veículo.
Em nossa conversa, falamos sobre cinema brasileiro, as diferenças de seu trabalho na crítica e em um júri, o impacto das redes sociais nas reviews e como foi sua experiência entre os jurados da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo!
49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Exibido no Festival de Berlim, Tribeca e no BAFICI
After This Death (2025) foi um dos dois filmes de Lucio Castro exibidos na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Conversei com o diretor sobre inspirações para o filme, seu trabalho no roteiro, na montagem, o retrato de uma mulher grávida explorando sua sexualidade e a figura de um ídolo para seus fãs.
Veja a entrevista completa em vídeo:
No filme, enquanto faz uma trilha sozinha nas montanhas, Isabel se depara com o enigmático músico Elliott em uma caverna no caminho, dando início a uma inesperada conexão entre eles. Após se reencontrarem em um dos shows dele, os dois começam uma intensa relação, mas Elliott acaba se distanciando e desaparece sem dar explicações. Forçada a retomar a rotina de sua vida conjugal, ao mesmo tempo em que lida com sentimentos confusos sobre amor e perda, Isabel passa a ser confrontada por ameaças misteriosas e cada vez mais inquietantes vindas de fãs obcecados de Elliott. Em meio à tentativa de descobrir o que realmente aconteceu com o músico, ela se vê obrigada a encarar o desgaste de seu casamento e a lutar para recuperar sua identidade, sua voz e seu futuro.
49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Exibido nos festivais de Toronto e Varsóvia
Babystar (2025)chegou na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e conquistou o público no boca a boca. O tema da exploração de adolescentes pelos pais nas redes sociais pega com força o público do Brasil e o resultado foi sentido nessa repercussão.
Conversei com o diretor Joscha Bongard sobre sua relação com o tema e os elementos de terror presentes no filme alemão.
Veja a entrevista completa em vídeo:
No filme, acompanhamos Luca, de 16 anos, que desde o nascimento é a estrela do império digital de seus pais, com cada momento de sua vida sendo cuidadosamente exibido para milhões de seguidores. Quando eles anunciam a chegada de um novo filho, logo surgem rachaduras nessa imagem perfeita. Luca mergulha em um vórtice emocional, se rebelando contra o papel que lhe foi imposto e se dando conta do quão pouco de sua vida realmente lhe pertence. Cada vez mais pressionada, ela precisa decidir se continua sua existência dessa maneira ou se reconquista sua vida para além dos acessos nas redes sociais. Essa sátira dramática investiga a ascensão das famílias de influenciadores e as crianças que são transformadas em produto e mercadoria.
49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes
A vida de jovens mães não é um tema incomum em filmes, séries e até mesmo reality shows – literalmente existiu um grande hit na MTV (RIP) chamado Teen Mom, lembra? Agora é a vez do cinema realista e social de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne abraçar o tema com sensibilidade e cuidado.
Em Jovens Mães (Jeunes Mères), selecionado da Bélgica para uma possível indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026, os irmãos cineastas mostram a realidade dessas mulheres diante das escolhas possíveis dentro da situação que enfrentam.
As personagens, aliás, também mostram a diversidade dentro dessa realidade. Apesar de conectadas por estarem recebendo apoio do mesmo abrigo e políticas públicas voltadas para jovens mães de baixa renda, cada uma delas possui uma história muito específica. Uma delas, grávida, vai atrás de sua mãe biológica, que nunca conheceu. Outra, com um bebê recém-nascido, é abandonada pelo também jovem parceiro que acabou de sair de um centro de detenção para menores. E uma delas, além de todo o protocolo para poder deixar seu bebê com pais adotivos, ainda precisa lidar com uma mãe controladora que agora quer fazer “dar certo” com o bebê que a filha não quer criar.
Aqui o cinema não quer exatamente ser inovador, especialmente se o filme é comparado com o restante da filmografia dos Dardenne. A ideia é abordar o tema de forma sensível, mostrando que elas precisam ter sua força e escolhas respeitadas, quaisquer que sejam essas escolhas. É como se a maternidade virasse o único mundo dessas mulheres. Para se aprofundar na realidade, acompanhamos seus dilemas dentro de toda a burocracia e protocolos que enfrentam para seguir com suas vidas.
Temas como ansiedade e a restrição ao trabalho tornam essas vidas ainda mais difíceis, mas nada é sensacionalista ou gratuito. Em um momento marcante, uma delas precisa entregar o bebê para o primeiro contato com os pais adotivos e pede, emocionada, que eles prometam que vão ensinar música para a criança quando ela crescer.
Na tentativa de equilibrar a história de suas personagens com comentários sobre como o sistema funciona para essas jovens mães na Bélgica, o roteiro cai por vezes em um didatismo e na impressão de que já vimos tudo aquilo antes. Mas gosto especialmente da forma como essas personagens são apresentadas aqui. Em uma cena, não vemos de primeira que uma das mães faz suas tarefas do dia enquanto seu bebê repousa sobre a cama, em outra demoramos mesmo até a ver a barriga de uma das personagens grávidas. Essas mulheres são reveladas aos poucos, tanto pela forma como são filmadas quanto pelas suas histórias, personalidades e desejos, que se revelam gradualmente, com a câmera acompanhando sempre a personagem que é a protagonista de cada cena, mergulhando o espectador cada vez mais em seus cotidianos.
Mesmo sem grandes inovações, é bonito ver a delicadeza e o cuidado dos Dardenne em um tema tão complexo que, em outras mãos, poderia simplesmente cair em uma fácil romantização. Jovens Mães estreia em janeiro de 2026 nos cinemas brasileiros.
Misturar sensibilidade e denúncia pode ser uma tarefa muito difícil, com o risco de se cair em uma abordagem sensacionalista. “Rejeito” (2023), documentário de Pedro de Filippis, entrega esse conjunto de forma muito delicada e cuidadosa, no melhor dos sentidos.
Conversei com o diretor sobre sua relação com o tema, as escolhas na abordagem escolhida e o olhar sensível na hora de produzir um documentário com imagens tão marcantes e uma história tão pesada.
O filme Rejeito chega aos cinemas de todo o Brasil no dia 30 de outubro, às vésperas do desastre da Barragem de Mariana, em Minas Gerais, completar 10 anos. O documentário é um retrato profundo sobre o impacto da mineração na vida de comunidades atingidas e um convite à reflexão sobre o modelo de exploração que marca nosso país.
49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo: Prêmio da Crítica | Melhor Filme Internacional Prêmio Brada | Melhor Direção de Arte O filme recebeu a menção honrosa do júri da Caméra d’Or no Festival de Cannes
“A Sombra do Meu Pai” (My Father’s Shadow|2025) foi o primeiro filme nigeriano a ser selecionado para a Seleção Oficial do Festival de Cannes, em 2025, e esteve na programação oficial da 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O diretor do filme, Akinola Davies Jr., conversou comigo sobre seu processo de criação em uma história semi-autobiográfica, a parceria com o irmão Wale Davies, com quem escreveu o filme, a figura paterna presente em seu longa, a colaboração no cinema e como planeja seu próximo projeto.
Veja a entrevista completa com Akinola Davies Jr. em vídeo:
O filme é um conto semi-autobiográfico ambientado em um único dia na metrópole nigeriana de Lagos, durante a crise eleitoral de 1993. A história acompanha um pai, afastado dos dois filhos pequenos, durante uma jornada por essa enorme cidade enquanto a agitação política ameaça sua volta para casa.
49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Exibido no Festival de Roterdã
Em um país com conservadorismo latente, um grupo de jovens progressistas tenta realizar uma festa de despedida para um amigo próximo. A premissa é universal e poderia se passar em diversos lugares do mundo contemporâneo, inclusive no Brasil, mas em A Multidão (Jama’at / The Crowd) acompanhamos a história desse grupo no Irã.
Usando o dia da festa como cenário, Sahand Kabiri, diretor e roteirista do longa, apresenta especialmente no diálogo diversas questões pelas quais seus personagens estão passando. Tudo é reflexo da sociedade em que vivem, e os conflitos mais detalhados são os que mais se relacionam com o âmbito familiar de alguns desses jovens.
Em muitos momentos, o longa lembra uma peça de teatro e faz isso muito bem, aproveitando o que o cinema pode oferecer em artifícios como plano-sequência, por exemplo. Uma cena longa coloca os jovens conversando enquanto arrumam o grande galpão em que a festa está para acontecer. O galpão é palco de grande parte do filme e da externalização dos sentimentos desses personagens, que parecem se conhecer tanto. Eles lamentam a perda recente de um amigo e fazem comentários ácidos enquanto repassam a longa lista de convidados para o evento organizado.
Dois fatores curiosos se relacionam diretamente com os espectadores brasileiros que assistirem ao filme. Em um dos momentos, o grupo de amigos conversa sobre o risco de intoxicação por metanol presente em bebidas alcoólicas. Em outro ponto, mais específico ainda, eles discutem detalhadamente o histórico momento do 7 a 1 no jogo do Brasil contra a Alemanha realizado na Copa do Mundo de 2014.
Pensando bem (e como mencionei no começo do texto), essas relações do Irã com o Brasil vão muito além dessas suas cenas. Na iminência da separação (seja pela perda, por uma viagem ou por um divórcio), esses jovens reúnem ainda mais força para existir do jeito que são num mundo em que o conservadorismo tem cada vez menos vergonha de falar em voz alta.
Obs. e talvez um pequeno spoiler: adoro cenas de festas bem filmadas e o final de A Multidão entrega o começo de uma ótima, queria mais!
49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo Vencedor do prêmio do público no Festival de Locarno. Também foi exibido no Festival de Tribeca.
Desgraça pouca é bobagem. E entrar na sessão de Rosemead sem saber exatamente do que o filme se trata pode piorar ainda mais a sensação que essa expressão popular retrata. O letreiro de “inspirado em fatos reais” e a cena de abertura com um pai, uma mãe e um filho – uma família sino-americana – dançando felizes enquanto cantam no karaokê em um quarto de hotel dão um tom misterioso para o que está por vir. O tom, aliás, ou a dificuldade de encontrar um, é um dos grandes problemas do longa estrelado por Lucy Liu.
Em poucos minutos, descobrimos que Irene, a protagonista, está com um câncer em estágio terminal, tem poucos meses de vida. Ela esconde a doença do filho, que sofre de esquizofrenia e desenvolve um fascínio por notícias de atiradores em escolas dos Estados Unidos. Os dois ainda vivem o luto pela recente perda do marido/pai. Eu nem acho um absurdo que todas essas tragédias aconteçam em tão pouco tempo com a família, mas a falta de tato do roteiro e da direção dá adeus a qualquer sutileza e cuidado que o filme poderia ter ao tratar de tais temas.
O diretor Eric Lane começa seu longa como um drama denso, mas pesa ainda mais a mão nos momentos mais tensos. O tom vai de um melodrama para um thriller familiar rapidamente e depois volta. Essa bagunça faz com que momentos com bom potencial sejam desperdiçados, como o treinamento escolar para o caso de um atirador entrar no colégio.
É interessante ver Lucy Liu desmontada como essa mãe taiwanesa, mas isso não quer dizer que ela esteja bem. A atuação exagerada é ofuscada por todos os outros pontos negativos do filme. Que sorte a dela.
O retrato de descendentes de asiáticos nos Estados Unidos se torna o ponto mais interessante do longa, ainda que pouco aproveitado. A diferença entre o tratamento dos adultos entre si e o dos colegas de escola do filho de Irene mostra a complexidade dessas pessoas isoladas por preconceitos, mas que também possuem conflitos entre si, ou pontos de apoio, no caso dos mais jovens.
A “demora” da protagonista para agir diante das descobertas pode causar desconforto. Acho muito humana a vontade de querer dar conta de tudo por conta própria. Uma visão talvez preconceituosa pode relacionar esse fator à questão cultural asiática, frequentemente apontada como mais reservada. Mesmo assim, o roteiro também não é eficaz em nos deixar ao lado dessa mulher que tenta, a todo custo, resolver sozinha todos os dilemas de sua vida.
A questão psiquiátrica do personagem do filho, Joe, também é abordada de forma rasa, sendo resumida em boa parte aos remédios que ele toma e às suas mudanças quase imediatas de comportamento assim que interrompe o tratamento. Isso se soma com a atuação exagerada de Lawrence Shou, que cai em estereótipos de personagens do tipo. Juro que existe uma cena de Joe sujo, revirando lixo e completamente fora de si.
Com um roteiro que seria completamente ressignificado nas mãos de um diretor como John Waters (eu adoraria ver esse filme!), Rosemead cai no mau gosto e na caricatura, mesmo se baseando em uma história real tão forte e com um desfecho tão impactante. Uma pena.