48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Exibido na Jornada dos Autores do Festival de Veneza
Na tentativa de selecionar filmes de terror durante a Mostra, minha primeira escolha infelizmente não foi um sucesso.
A diretora e roteirista italiana Isabella Torre apresenta Basileia, longa que conta a história de um arqueólogo que explora uma tumba nas montanhas Aspromonte, no sul da Itália, e acidentalmente desperta forças ancestrais.
A premissa não é original, mas ganha pontos com foco feminino. Os personagens que precisam lidar diretamente com a força despertada são homens enfrentando essas figuras de ninfas que andam nuas pela floresta e pela cidade com um olhar frio e desinteressado pelo que está em seu caminho.
Nessa criação de atmosfera, com a luz fria e muito silêncio, o filme começa a criar identidade. As falas utilizadas poderiam não existir, indicando muito mais ações, comandos sinais de alerta do que qualquer explicação da história. A primeira fala, em uma boa sacada e só depois de alguns minutos de projeção, é de uma pessoa orando. Isso é bom, mas ao não abraçar a mitologia, Basileia se perde de forma pesada.

Em uma cena bastante desconfortável, o protagonista pergunta a um grupo de homens negros na rua se eles estão procurando por emprego, a fim de convencê-los a acompanhá-lo em sua exploração. Esse momento já indica a falta de cuidado em vários aspectos.
E esses problemas não ficam só na abordagem. Esteticamente, os seres femininos despertados são interpretados de forma caricata; as atrizes movem-se com tiques no pescoço e tremores nos ombros. Sempre que giram a cabeça, um efeito sonoro de vento sombrio é adicionado. Fica difícil se conectar.

Gosto muito de como apresentam a interação dos seres com a cidade e os últimos minutos apresentam ideias muito boas, apesar de mal exploradas. O último take é extremamente marcante positivamente. O problema é que para chegar lá, se encara um filme lento e sem acontecimentos, no pior dos sentidos.
NOTA: 1,5/5